MESAS DE TRABALHO

ARMANDO FERRAZ

 

09 Abril – 15 Maio 2021

‘Mesas de Trabalho’

Há camadas, há sobreposição, há duração… há planeta, há um plano. Há uma ruína circunscrita que é palco – há uma ruína que fala. Há vibração e há balanço, há sinais de contínuo movimento. Desenhos de objectos (luminosidade lúgubre e soturna, negrume do rescaldo e do carvão); figuras, espectros e pastiches; espelhos, especulações e interlúdios; interioridades e interiorizações; forças, farsas e alegorias; indagações, preenchimentos e domesticações.
Mesas às direitas, e mesas às avessas, monólitos e paisagens, mesas/esculturas e ensaios do enigmático… a mesa é casa, a mesa é jaula, a mesa é conflito, a mesa é palco, a mesa é paisagem, a mesa é pantomima. Os desenhos apagam-se e voltam-se a fazer!
O atelier é fictício, pequeno nicho (interior versus interior) – todos os lugares são lugares de trabalho!… as associações completam-se – sustentadas por pequenos fios com ligações por vezes abstractas; sequências em rodopio, fragmentos, combinações de fragmentos.
O lugar é cavado, por vezes noturno, ossatura branca de um crânio, visto por dentro, com a janela como olho. A lógica impõe-se desmesurada e inexoravelmente como um espartilho!
Vêem-se os ratos na última linha de uma hierarquia (negro que ressalta do lodo, e da blindagem cinza-rato). Os ratos são a sombra – luz eléctrica – a presença fugidia que não se fixa num olhar. Em simultâneo, os ratos são a máscara – sem ossos e sem carne, sem pelos e sem cauda – o banho da inocência – o rato está limpo, o vómito é
branco, já pode regressar ao esgoto! – sanitização ardilosa.
Gatos. Pássaros. Ecos. Garatujas. Os olhos das coisas animadas. Manchas e espelhos (reflexos). Recauchutagem de piquenique; caixa oca à maneira minimalista de Morris e Smith; evocação a Brancusi; torre de espelhos; nova interpretação de velhos títulos… Mesas de trabalho – nome de uma série de desenhos, que dá nome à própria exposição. Que outro nome poderia ter?

Armando Ferraz, 2021

Biografia

 

Armando Ferraz nasceu em Lisboa em 1968. Vive e trabalha no Porto. Em 1993 Licenciou-se em Artes Plásticas–Pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. É docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto desde 1997, onde leciona as disciplinas de Desenho 1 e Desenho 2. Tem participado em exposições colectivas e realizado exposições individuais desde 1994.
O seu trabalho está representado na coleção de Ivo Martins em depósito no Museu de Serralves e na coleção CAM-JAP, Fundação Calouste Gulbenkian, e está presente em diversas publicações.

Equipa:

 

Direção Artística e Curadoria: Clube de Desenho 

Desenho de Exposição: Armando Ferraz

Assistência de Montagem: Marco Mendes, Sofia Barreira

Produção: Marco Mendes, Sofia Barreira