Horizonte Imperfeito

Cláudia Amandi

 

20 Novembro – 23 Dezembro 2021

Continuando o seu processo de investigação gráfica, Cláudia Amandi apresenta nesta exposição “Horizonte Imperfeito”, uma série de desenhos que aprofundam dispositivos e motivos criados anteriormente, e também, algumas propostas inéditas. Cláudia Amandi mantém os habituais processos de repetição, desenvolvimento modular, montagem e colagem e também uma ligação à escultura pela sugestão espacial e volumétrica de alguns conjuntos. Na iconografia, existe uma renovação de motivos gráficos que funcionam simultaneamente como ações processuais e como elementos figurativos, mesmo que simplificados e abstratos. Os títulos associados às imagens fornecem pistas de visualização e também de ligação transversal às diferentes séries da exposição.
Esse sentido geral pode ser apreendido como a linha instável de equilíbrio entre estados opostos, luz e treva, dia e noite. No contexto da experiência quotidiana, estas séries abordam zonas de indefinição entre sono e vigília, entre o acordar e o dormir. Desde logo, a série “Sonâmbulos” desenvolve-se em torno de uma mancha informe e monocromática. Os desenhos dessa série foram realizados durante o confinamento e acompanhavam sessões em videoconferência. A execução mecânica do desenho, correspondia assim a um estado de consciência paralelo à participação na reunião, criando paradoxalmente um estado de atenção maior na conversa e no discurso dos outros participantes. “Apneia” é um único desenho que prolonga o dispositivo de “Estratigráficos”, feito com canetas de filtro gastas, na eminência de ficarem sem tinta. A mancha resulta de movimentos repetitivos alusivos a um processo respiratório e as suas flutuações, também relativo a gráficos que mostram correções de apneias centrais durante o sono. “O Sol é Finito”

Paulo Freire de Almeida, 2021

Biografia

 

Cláudia Amandi nasceu no Porto, 1968. Ao longo dos anos, o seu trabalho como artista plástica foi convergindo para processos de repetição, interessando-se particularmente por aqueles que, na sua aparência mecânica de execução, deslocam o referente do resultado. Ações como aglomeração, variação, expansão, saturação e sobreposição de marcas e/ou materiais vão construindo malhas, imagens, matérias diferenciadas como sistemas de multiplicação de conteúdos. Esta produção pode ser vistada aqui.
É Professora Auxiliar do Departamento de Desenho da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) e Membro Integrado no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (I2ADS). Desenvolve trabalho de investigação na área do Desenho, ações e métodos de trabalho no processo criativo, e nos cruzamentos entre a escultura e o desenho. Doutorou-se pela FBAUP em 2010 com a tese intitulada Funções e Tarefas do Desenho no Processo Criativo, um estudo sobre o papel do desenho no processo artístico atual.

Equipa:

 

Direção Artística e Curadoria: Clube de Desenho 

Desenho de Exposição e Montagem: Cláudia Amandi, Sofia Barreira

Produção: Sofia Barreira

Material Gráfico: Francisco Amandi Arezes