NOUTRA VEZ

ARMANDO FERRAZ

26 Abril – 31 Maio 2025

O Trabalho

 

Há um livro que começa assim: “Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula…” (1)
As mesas (tema recorrente e lugar de nomeação com os seus próprios artefactos e figuras) são, aqui, invenções de pequenos palcos com objectos e associações que resumem um princípio muito simples: parcos recursos e combinação minimalista dos diferentes elementos.
Estas mesas (aqui plintos) lembram outras mesas, numa ligação mais ou menos indirecta e abstracta aos seus objectos usuais e às práticas comuns que com elas se relacionam.
Pelos seus caminhos e atalhos, por lufadas ou num processo prolongado, certos elementos transitam, repetem-se e inspiram.
Em circunstâncias diversas, e permitindo que as coisas avancem em diferentes campos, palavras sugerem objectos, objectos são motivo
de desenhos, etc.
Há ainda o que advém dos relances, dos movimentos do olhar para lá das mesas. Há o que resulta de desvios, já que o trabalho não se constitui de linhas rectas, mas de curvas e contracurvas. Há o que sobrevive e o que emerge de paragens e outras contingências. Há também as citações e apropriações, no que respeita a espaços, figuras, traços e palavras. Há ensaios, repetições e variações. Há cheios e vazios, para além dos maciços e dos ocos. Há o ininteligível e o incognoscível, e o que não se pensa com o pensamento das palavras…
No seu curso, com derivações e rodeios, o trabalho procura uma possível concordância; procura, nos limites, o fio invisível capaz de atar as coisas; procura corporizar o ínfimo, por vezes glorioso ao seu modo, o frágil e o sensível que, por instantes e clarões, se revelam no(a) corrente.
Armando Ferraz, 2025
(1) A hora da estrela, Clarice Lispector

Biografia:

Armando Ferraz nasceu em Lisboa em 1968. Vive e trabalha no Porto. Em 1993 licenciou-se em Artes Plásticas–Pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. É docente na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto desde 1997, onde tem leccionado as disciplinas de Desenho 1 e Desenho 2.

Tem participado em exposições colectivas e realizado exposições individuais desde 1994 (salientam-se as duas últimas – Mesas de Trabalho, 2021, Clube de Desenho; e Natureza que vibra, 2022, projecto Riscotudo, Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto – por se relacionarem directamente com a presente exposição). O seu trabalho está representado na colecção Ivo Martins e na coleção CAM–JAP da Fundação Calouste Gulbenkian, e em diversas publicações. 

Equipa:

Direção Artística e Curadoria: Clube de Desenho

Desenho de Exposição e Montagem: Armando Ferraz

Produção: Sofia Barreira

Comunicação: Irene Loureiro e Sofia Barreira

Material Gráfico: Adriana Assunção

Fotografia: Diogo Nogueira

Apoios:

Catering: